terça-feira, junho 16

OI FICARÁ SEM ACORDO DE ACIONISTAS PARA FORTALECER PRESENÇA NO BRASIL

OI FICARÁ SEM ACORDO DE ACIONISTAS PARA FORTALECER PRESENÇA NO BRASIL
A aprovação, nesta segunda-feira, 20, da venda da PT pela União Europeia, é mais um degrau ultrapassado pela Oi na construção de seu novo caminho. Até outubro, acreditam seus principais executivos, a operadora brasileira terá concretizado a intenção de pulverizar seu capital e transformar o conselho de acionistas em um fórum que delibera por maioria, e não mais por acordo de acionistas, que “amarrava” o voto dos controladores. Com a conclusão da venda de seu principal ativo fora do país, a Oi tira o foco do financeiro e volta-se para o posicionamento estratégico e melhoria operacional.  
Com a aprovação da agência reguladora da União Europeia, nesta semana, da venda da PT, a Oi contará com um incremento de 7,4 bilhões de euros em seu caixa. Esses bilhões, tem certeza seus principais executivos, não resolvem o problema da enorme dívida da operadora, mas restabelecem a liquidez, necessária para a empresa se fortalecer. “Com este dinheiro, a Oi comprou seu futuro”, afirma executivo da empresa brasileira.
Com a venda de seu principal ativo fora do país,  a Oi tira o foco sobre o problema financeiro e passa a direcionar a maior parte de sua energia para o posicionamento estratégico e a melhoria operacional. Além de ter diminuído a pressão financeira, a gestão de Bayard Gontijo  conseguiu autorização dos acionistas para aumentar o endividamento acima de 4 vezes o Ebitda, até março de 2016, tirando mais esta enorme peso sobre a companhia. A autorização se fazia necessária, porque, caso contrário, a Oi teria que desembolsar altas quantias para os acionistas,  pois a venda da operadora portuguesa trouxe também a dívida da holding PT SGPS,  o que ultrapassaria o teto previsto em contrato.
Para uma empresa do tamanho do Brasil, no entanto, nem tudo que é planejado consegue ser executado e as dificuldades precisam ser  enfrentadas com a mesma urgência com que elas aparecem. A intenção da Oi de migrar para o Novo Mercado – onde as regras são mais transparentes e todos os acionistas, minoritários ou não, têm peso igual nas decisões – não pôde se concretizar justamente por causa do calote da RioForte de quase um bilhão de euros junto à holding PT SGPS. A xerife do mercado norte-americano, a SEC, não aprovou as contas do sócio português, impedindo a apresentação do balanço, imprescindível para esta migração.
A Oi elaborou, como resposta, uma nova modelagem de comando – que se consolida com a proposta do novo conselho de administração, com maior participação de diferentes stakeholders –,de pulverização do controle, no qual todos os acionistas preferencialistas poderão mudar  suas ações para ordinárias, o que lhes irá conferir o direito a voto e o tag along. Para isto, porém, 66% dos acionistas deverão migrar.
Esta nova operação deverá contar com uma nova aprovação prévia da Anatel, visto que na operação passada, que já tinha sido aprovada pela agência, a Oi seria incorporada à TmarPart. Agora, é a TmarPart que se diluirá na Oi.
Para os executivos da empresa, o mais importante  deste movimento é que esta pulverização de controle será consagrada com o fim do acordo de acionistas. E as decisões do conselho serão tomadas por maioria de votos. A nova composição do conselho de administração, a ser aprovada pela assembleia geral confirma esta disposição, apontam os executivos. Os conhecidos sócios privados – Andrade Gutierrez e La Fonte – deixam de ter uma representação direta. Ingressam dois executivos escolhidos pelo mercado. A PT SGPS terá quatro indicados, mas observam dirigentes da Oi, lá esta empresa também é controlada por acionistas pulverizados.
Ao construir  este novo caminho – que deverá estar concluído até outubro deste ano – a Oi pretende trazer uma revigorada mensagem para o mercado, e consolidar o que seus executivos entendem ser a mais importante vocação da empresa: ser a única com presença nacional. “A Oi faz o que ninguém quer. Ela atende a baixa renda, está em todo o território brasileiro e presta serviço sem retorno algum”, observa a fonte, para salientar que somente quem não conhece o setor  poderia imaginar o mercado de telecomunicações sem a presença da Oi.
A rede da Oi, para seus executivos, não pode ser desprezada por nenhum stakeholder.  “E por isto, é preciso que exista um ambiente regulatório de razoabilidade, que trace um caminho viável para a companhia”, completa a fonte.
Regulação
A  empresa tem uma agenda conhecida de medidas regulatórias que precisam ser enfrentadas,  mas estuda propostas alternativas para a sua solução. Para a concessionária,  a modernização do arcabouço regulatório passa necessariamente pela solução da questão do patrimônio imobilizado. Hoje, a Oi tem perto de sete mil imóveis em todo o país.
A  empresa sabe que ainda será longo o processo até que o Estado tenha uma posição sobre como lidar com a questão dos bens reversíveis, e por isto começa a estudar algumas alternativas, entre elas,  a venda do direito de uso, e não do patrimônio. “ Qualquer solução terá que passar pela Anatel, e ela poderia nos obrigar a investir todos os recursos da monetização desses imóveis na rede de telecom”, assinala o executivo, para frisar que a Oi não tem nenhuma intenção de gerar dividendos ao querer resolver a questão da reversibilidade dos bens.
A Oi entende também que as obrigações regulatórias devem estar casadas com a correta alocação de recursos. “A empresa precisa estar forte para trazer os resultados para a sociedade”, assinala a fonte.  A conexão de mais escolas públicas, por exemplo (hoje as empresas conectam as escolas urbanas com até 2 Mbps), no entender da fonte, deve estar vinculada a contrapartidas financeiras públicas e para isto, os fundos deveriam ser usados.
Os dirigentes entendem também que a empresa é a melhor preparada para participar da segunda etapa do PNBL – Plano Nacional de Banda Larga – que deverá ser anunciado pelo Ministério das Comunicações até o final de maio. “A Oi atende ao Brasil inteiro. E nós queremos nos apropriar integralmente desta presença nacional”, assinala o executivo.
Na esfera operacional, os resultados deverão melhorar trimestre a trimestre, acreditam. Desde outubro do ano passado, a Oi recompôs preços, cortou custos com pessoal (começou com o corte dos altos escalões e chegou aos níveis intermediários este mês), renegociou com fornecedores e mudou os planos de serviços.
Atualmente, conforme a empresa, 50% dos clientes de banda larga  têm até 5 Mbps de velocidade, e 30% mais de 10 Mbps.  Pouco frente a oferta da concorrência, mas “é um acesso importante para a primeira experiência e para o tamanho da rede da empresa”, assinala a fonte.
A Oi oferece o maior número de canais em HD no plano básico e começa a mirar para planos de maior valor agregado. Busca ainda aumentar a rentabilidade no pré-pago, com planos controles. E conta com a queda da VU-M para se recolocar no mercado de celular, com ambições  de mudar de patamar de  market share.
Consolidação
A consolidação, inevitável,  na opinião dos dirigentes da Oi,  está, no momento, em segundo plano. Para os executivos, a fusão das empresas é uma necessidade do setor de telecomunicações, e a Oi é a melhor posicionada em qualquer dos movimentos que venham a ocorrer. Seja com a pareceria de um novo sócio, como, por exemplo, a AT&T, seja em uma fusão Oi  e Telecom Italia/TIM. “A Oi é a única que tem dois caminhos a escolher”, conclui a fonte.

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